O JANTAR ALEGRE DE ALGUNS

TRISTES BRACARENSES

O poeta Manuel Alegre esteve ontem no Luz Natural em Braga num jantar que reuniu 70 "apoiantes", e a páginas tantas do alto da arrogância que o caracteriza, disparou para a Comunicação Social presente dizendo que "(...) há um poder dos cidadãos, a democracia é de todos e a República não tem dono".

Adiantou igualmente que "não abre nem fecha portas" a uma eventual candidatura a Presidente da República mas avisou, numa alusão ao PS, que não está "refém de ninguém".

Manuel Alegre cuja vaidade é proporcional à barriga que ostenta, é homem de boa pinga e bons manjares, e tem ainda a pretensão de ser o grande guardião dos valores democráticos do nosso País, certificado emitido pelo passado antifascista quando esteve exilado no tempo da ditadura.

É necessário que se diga que esse diploma já não chega.

Que, como politico no pós 25 de Abril, foi um entre tantos outros, não se lhe reconhecendo mérito ou trabalho algum particularmente significativo para o País.

Andou como muitos a comer da manjedoura da A.R.e recebe agora, pensão por isso.

Reconheça-se, no entanto, a sua arte no domínio da Poesia.O que já não é pouco.

Porém, no resto são coisas enfatuadas sobre a Democracia e a República, trovas ocas e sem cotação no mercado das ideias políticas.

Manuel Alegre no fundo, quando se debruça para a Política, é como um cozinheiro de palavras ao qual acresce a presunção do galã que não quer reconhecer o crepúsculo da sua carreira de actor.

E como se não bastasse a este campeão da ética republicana e socialista há ainda : vir a Braga e não fazer uma única referência ao reinado de democracia podre de Mesquita Machado, de Névoa e outros que tais, é o mesmo que vir de Angola e não comentar o regime de Eduardo dos Santos.

Para o 'churrasco presidencial' participaram entre outras, personalidades bracarenses tão "carismáticas" e "ilustres" como José Manuel Mendes, Jorge Cruz, Carlos Alegria, José Manuel Tarroso Gomes, Carlos Aldeia, e ainda -espanto dos espantos - o bloquista ex-socialista Manuel Sarmento, no meio de alguns republicanos laicos e socialistas.

Enfim, o grupo do costume da chamada 'esquerda democrática', que gosta de jantaradas com muita sobremessa politica, apoiantes ou críticos 'soft' dos encantos autárquicos bracarenses.

Alegre terminou o jantar de forma soaresca e a debitar o lugar-comum de todos os candidatos a Belém : "É preciso que haja negociação e consenso, e negociar é sinal de bom-senso, de sentido de Estado e de responsabilidade".

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